Sergio Sheman
Sergio Sheman

Sempre que se diz a palavra “anabolizante”, muitos reagem de forma negativa, como se estivessem falando de algo demoníaco. BUUUUUUUUU!!!

Em primeiro lugar, saibamos o que são anabolizantes. Qualquer elemento que estimule o metabolismo anabólico (anabolismo) pode ser considerado um anabolizante.

O anabolismo é um conjunto de fenômenos bioquímicos que se processam no organismo vivo, destinados a regenerar, a partir de substâncias simples, a matéria viva que se gasta durante a fase catabólica do metabolismo, por meio das queimas respiratórias intracelulares. Definindo de forma bem simplista, o anabolismo é uma fase construtora. Ex.: a síntese de proteínas musculares a partir dos aminoácidos.

Afinal de contas, por que nos alimentamos? Os alimentos são a matéria-prima para a construção dessa obra maravilhosa que é o corpo humano. Nesse contexto, o anabolismo seria a construtora responsável pela obra.

As proteínas ingeridas na quantidade e da forma adequada estimulam o anabolismo. Os carboidratos também, assim como os treinos de alta intensidade, como a musculação, e isso ocorre naturalmente no corpo humano durante o dia inteiro, independentemente do uso de drogas.

Portanto, quando ouvir novamente a palavra “anabolizante”, não se assuste. Como já foi dito, o anabolizante é todo e qualquer elemento, químico ou físico, que estimule o metabolismo anabólico (ex. alimentos, treino de alta intensidade).

Uma dica: o treino de musculação em si já gera um grande estímulo anabólico. Com uma refeição feita imediatamente depois, rica em carboidratos com alto índice glicêmico e proteínas de rápida absorção (como por exemplo a whey protein), seria um anabolizante muito eficaz.

Na verdade, o que gera toda essa polêmica são os “esteroides anabólicos”, substâncias anabolizantes hormonais (EAA – esteroides anabólicos androgênicos ou AAS – anabolic androgenic steroids) que podem ser injetáveis ou orais. Os EAAs são hormônios sintéticos similares à testosterona, possuindo, como o próprio nome diz, tanto propriedades anabólicas, quanto androgênicas e gerando todos os efeitos pertinentes a esse hormônio que, como a maioria já deve saber, é um dos principais hormônios relacionados ao aumento da massa muscular, tanto no homem quanto na mulher.

A bem da verdade, os EAAs não são monstros mortais, nem substâncias proibidas. São simplesmente medicamentos controlados como outro qualquer que, para sua utilização, faz-se necessária orientação médica e receituário específico. Sua restrição está relacionada a algumas competições que não permitem a participação de atletas usuários. Sua eficácia quanto ao aumento da força e velocidade são inegáveis, portanto, os atletas que optaram por não se utilizarem delas ficariam prejudicados nos resultados e certamente não seria uma competição justa. Nesse caso, a “proibição” tem uma conotação moral e ética.

A ilegalidade dessas substâncias, na verdade, estaria mais relacionada à comercialização deste medicamento. O que caracteriza a ilegalidade é o contrabando e comercialização sem receituário adequado, sem nota fiscal e/ou importação ilícita desse medicamento de outros países onde também são fabricados. Isso vale para qualquer medicamento e não só para os EAAs.

A quem diga que apenas uma única dose pode levar o indivíduo à morte. Isso simplesmente não procede. Uma vez que a referida substância foi desenvolvida para, entre outras coisas, o tratamento e recuperação de idosos em condição pós-operatória e crianças com raquitismo, sua utilização acabaria por matá-los ao invés de auxiliá-los na recuperação. O grande problema dos EAAs é a sua utilização inadequada e uso indiscriminado.

Que fique bem claro que nossa intenção aqui não é estimular as pessoas ao uso dessas substâncias. Porém, que a justiça seja feita. Só está faltando colocarem uma caveira no rótulo e a coisa não é bem assim. Há determinados casos em que sua utilização traz inúmeros benefícios.

Os EAAs, quando utilizados nas doses terapêuticas e com orientação médica adequada, apresentam menos efeitos colaterais que os famigerados anticoncepcionais e hormônios femininos utilizados de forma enlouquecida pela grande maioria das mulheres, desde a mais tenra pré-adolescência até a pós-menopausa.

Acho que agora deu para perceber que existem anabolizantes (elementos que estimulam o metabolismo de forma natural) e anabolizantes (esteroides, hormonais, controlados). Não confundam as bolas!

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Sergio Sheman

Bioquímico com especialização em bioquímica do exercício, do treinamento e nutrição esportiva, atua no meio esportivo há mais de 30 anos como preparador físico, atleta, consultor técnico, palestrante, autor de inúmeros artigos em publicações e sites da área, coach de diversos atletas daqui e de fora do Brasil, nas áreas do fisiculturismo e fitness, bem como nas artes marciais.

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